Enurese
0021-7557/01/77-03/161
Jornal de Pediatria
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ARTIGO DE REVISÃO
Enurese noturna monossintomática
Monosymptomatic nocturnal enuresis
Rejane de P. Meneses*
Resumo
Abstract
Objetivo: a enurese noturna monossintomática (ENM) ocupa papel de destaque na prática pediátrica, pela alta freqüência, pelo impacto psicossocial e por ser assunto controverso em relação à etiologia e ao tratamento.
O principal interesse deste trabalho é mostrar que a ENM é uma entidade clínica bem individualizada. A enurese noturna pode ser sintoma de distúrbio miccional cuja abordagem terapêutica é completamente diferente.
Métodos: encontramos na literatura uma enorme quantidade de publicações, mas procuramos selecionar, para esta revisão, as publicações clássicas e as mais recentes, de autores internacionalmente reconhecidos como estudiosos neste tema; além disso, trazemos a experiência acumulada ao longo de 13 anos no Centro de Nefrologia
Pediátrica do Paraná – Unidade de Distúrbios Miccionais.
Resultados: a falta de consenso internacional bem definido quanto a conceituação, terminologia e classificação dificulta a avaliação dos inúmeros estudos publicados na literatura. A individualização da entidade clínica ENM é o ponto de partida fundamental para uma orientação adequada do paciente. A enurese não é um mal da civilização moderna e encontra-se presente na maioria das sociedades, dando oportunidade às mais diversas interpretações e propostas de tratamento (1). Há consenso em relação ao prejuízo da auto-estima em crianças enuréticas e, portanto, em relação ao benefício de seu tratamento.
Conclusões: a enurese noturna continua sendo um grande segredo de família, e muitas crianças permanecem sem orientação e tratamento, sofrendo por falta de compreensão e tendo sua autoestima atingida. A ENM deve ser ativamente pesquisada na ocasião da consulta pediátrica.