Entrevista Riqueza
Eduardo Giannetti mostra que o padrão americano de riqueza não garante felicidade
Luiza Villaméa
Respeitado pelas análises ponderadas que costuma fazer, o economista Eduardo Giannetti é consultado sempre que o debate gira em torno dos humores do mercado e dos rumos financeiros do País. Aos 45 anos, Giannetti, um mineiro radicado em São Paulo desde a infância, acaba de reforçar sua fama como professor de história do pensamento econômico. Em sintonia com a tradição cultuada pelos grandes economistas do século XVIII, que voltavam seus estudos para o bem-estar da humanidade, ele sintetizou no livro Felicidade, recém-lançado pela Companhia das Letras, estudos que vem realizando sobre o tema há quase duas décadas. “Continuar aumentando os padrões de consumo não vai tornar as pessoas mais felizes”, garante Giannetti. “A partir de um certo índice não há nenhuma evidência empírica de que acréscimos de renda tragam ganhos de bem-estar subjetivo.” A seguir, os principais trechos da entrevista concedida em sua agradável casa, antes de partir para o lançamento de Felicidade, em sua terra natal, Belo Horizonte.
Istoé - Por que um economista decide estudar a felicidade?
Eduardo Giannetti - O que me surpreende é exatamente o contrário. Como é que os economistas, de uns tempos para cá, passaram a considerar tão pouco a questão do bem-estar. A preocupação dos grandes economistas em qualquer tempo sempre foi facilitar a busca da realização e do potencial humano.
Istoé - Seu livro mostra que, no século XVII, os filósofos iluministas acreditavam que o progresso levaria à felicidade. Na prática, isso não ocorreu. Por quê?
Eduardo Giannetti - O projeto iluminista de que o progresso e a razão resolveriam o problema humano de realização fracassou. Continuar aumentando a renda e os padrões de consumo não vai tornar as pessoas mais felizes com a vida que têm. Assim como na corrida armamentista, os países investem cada vez mais em armas e se sentem ainda mais