Entrevista com um professor de história sobre o sistemas de cotas
O professor de História Luiz Fabricio Mendes acredita que o sistema de cotas é uma medida emergencial do governo e uma maneira de corrigir injustiças históricas provocadas pela escravidão.
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Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em 26 de abril, que o sistema de cotas raciais em universidades é constitucional. O resultado do julgamento sanciona a manutenção das reservas de vagas para estudantes negros, pardos e índios nas universidades.
O objetivo das cotas é corrigir injustiças históricas provocadas pela escravidão na sociedade brasileira. Brasileiros brancos têm, em média, dois anos a mais de escolaridade do que negros e pardos, de acordo com dados de 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Críticos da proposta, contudo, argumentam que os negros nunca foram impedidos de frequentar universidades por uma questão racial, mas por motivos econômicos e sociais. Por esta razão, as cotas deveriam privilegiar alunos pobres, sejam eles brancos, pardos ou negros.
Entretanto, o sistema de cotas vem gerando grande polêmica, por isso conversamos com o professor de História da Etec Rio Pardo para que este possa trazer maiores explicações e a sua opinião sobre este polêmico sistema.
De acordo com a ciência, o que são raças? E quem define as raças de cada indivíduo?
Essa é uma discussão bem extensa e complicada. Depende do momento histórico. No séc. XIX, quando o darwinismo social e as teorias científicas que defendiam o racismo estavam no auge (a teoria da superioridade da “raça ariana”, por exemplo, surgiu nessa época, Hitler só a tendo exacerbado depois), defendia-se que havia diversas “raças” dentro da espécie humana e que algumas seriam superiores às outras (brancos e negros, por exemplo), o que inclusive serviu de justificativa ao Imperialismo dos países da Europa sobre o resto do mundo no séc. XIX. Nesse contexto, porém, “raça” também se torna um conceito ideológico, cultural, criado pelo seres