Entrevista com hélio campos de mello
Sou fotojornalista. Sou jornalista e a minha primeira especialidade é fotografia, mas, pelas circunstâncias da minha vida profissional fui adquirindo outras, como escrever e editar, não só fotografia, como texto também. Mas basicamente, geneticamente falando, sou fotógrafo, sou jornalista, portanto sou fotojornalista. Me incomoda muito quando um repórter de texto se arroga direitos sobre um repórter de imagem. Acho que as duas coisas têm o mesmo valor, a mesma importância e, quando as coisas dão certo, são dois profissionais que trabalham juntos em busca da mesma coisa, que é a informação. Essa informação é desovada: em palavras, por um; em imagem, pelo outro.
2) Qual a diferença entre fotógrafo e editor? O que eles buscam num jornal, por exemplo, difere muito?
Em estruturas muito tradicionais, as funções são muito claras: o fotógrafo fotografa, o repórter vai a campo e colhe as informações necessárias e o editor transforma essas informações em algo mais “palatável”. Já o editor de fotografia tem a função de escolher as fotos que o fotógrafo fez. Eu sou a favor de um pouco mais de caos, porque o caos ajuda a o produto ser um pouco melhor. Quando cada um pode dar palpite na parte do outro, isso acaba turbinando o pensamento coletivo. O fotógrafo, na verdade, tem que saber editar, tem que sair já com uma edição na cabeça. Quando ele fotografa, tem que buscar a síntese daquilo que está vendo, tem que dar o mínimo de informação sobre o personagem que está na foto. O mesmo acontece com o repórter. Ele precisa perguntar coisas interessantes, montar uma história e hierarquizar, em termos de interesse, as informações que ele colheu.
3)Você prefere trazer os fatos para perto ou estar mais perto dos fatos?
No meu caso, não consigo trazer os fatos para perto. Acho que essa questão é mais estética do que jornalística. O instrumento de emoção e de percepção do fato, da informação, é você estar mais dentro do que está