Entre sangradores e doutores: Práticas e formação médica na primeira metade do século XIX
Outras atividades também eram realizadas neste período, como as de curandeiro e parteira. Para que estas atividades fossem realizadas, era necessário que a Fisicatura mor lhes desse uma licença para que as pessoas pudessem praticá-las de fato. Porém, paralelo a isto existiam mesmo que em menor número, médicos, cirurgiões e boticários, que também eram fiscalizados pelo mesmo órgão.
Os médicos vinham no início do século tentando se organizar em torno de associações e de periódicos especializados, até a criação da Faculdade de medicina, que foi criada em 1832, pois os médicos formados vinham de fora. Com a Faculdade novas metodologias foram adotadas, a organização aumentou, o uso de nomenclaturas passou a ser adotado, assim como um discurso higiênista na tentativa de desqualificar e desautorizar as práticas de terapias populares como as utilizadas principalmente pelos sangradores.
A quantidade de ofícios reconhecidos pelo governo era bem vasto, porém cada um deles tinha suas atividades bem estabelecidas pela Fisicatura mor. Existia uma espécie de hierarquização utilizada para determinar que atividades cada ofício poderiam realizar. Como podemos ver:
Os médicos, que podiam prescrever remédios, os cirurgiões, que tratavam de “moléstias externas”, e os boticários, que manipulavam e vendiam os medicamentos, construíam o grupo mais prestigiado. Os sangradores, que podiam sangrar e aplicar sanguessugas e ventosas, as parteiras, que ajudavam as mulheres a dar a luz, e os curandeiros, que podiam cuidar de doenças “leves” e aplicar remédios feitos de plantas medicinais nativas, desempenhavam atividades menos consideradas. Incluam-se aí os licenciados a tratar somente de