Entendendo A Guerra Do Contestado 1
Para se compreender a Guerra do Contestado, devemos observar três tópicos importantes: a questão política, a social e a econômica.
Primeiramente vamos falar da política.
1 - Brasil dos Coronéis
O Brasil daquele período histórico caracterizava-se pela política dos Coronéis, onde o Poder central dos Estados e do País dependiam do apoio dos coronéis regionais.
Só um detalhe importante: durante a criação da Guarda Nacional, distribui-se entre políticos regionais o título de Coronel, comandante das tropas da Guarda Nacional nas localidades. Embora fosse extinta em 1922 a Guarda Nacional, continuou a ser utilizado para designar pessoas importantes.
Naquele período, as eleições eram baseadas em fraudes e vigorava na hora do voto o Voto de Cabresto, onde um representante do coronel local acompanhava o eleitor na cabine de votação e "fiscalizava" em quem o eleitor votava, ou seja, o eleitor não tinha saída se não votar em quem o coronel mandava, caso contrário, as consequências seriam terríveis para ele. Isso formava os currais eleitorais, onde pequenas regiões (municípios, distritos, vilas) estavam subordinados ao mesmo chefe político, o coronel.
O poder e a autonomia dos coronéis podem ser exemplificados na frase do irmão do Presidente Rodrigues Alves: "No Brasil manda o 'Chiquinho de Paula', aqui em Guaratinguetá mando eu!"
Essas rivalidades locais foram umas das causas da Guerra do Contestado, onde aprofundaremos esta relação ao falarmos da Questão Social.
2 - Região Contestada e a guerra judicial entre Paraná e Santa Catarina
Entre 1900 e 1916, Santa Catarina e Paraná travaram uma guerra do STF (Supremo Tribunal Federal) pela soberania de um território de 48 mil quilômetros quadrados. Santa Catarina iniciou com uma ação judicial em 1900 (seu defensor no STF foi o advogado Lauro Müller) contra o Paraná (representado pelo advogado baiano Rui Barbosa).
Santa Catarina teve decisões ao seu favor em 1904,