Ensino técnico e Tecnológico
Precisamos agora mencionar uma parte do sistema educacional que se torna cada vez mais relevante e que, até há pouco tempo, era ignorado nas análises. Trata-se do ensino técnico e tecnológico para a formação de uma mão de obra mais qualificada para o mercado de trabalho. O governo federal havia criado, ainda durante o regime militar, uma rede de escolas técnicas de excelente nível e muito bem equipadas, as quais integravam o ensino médio propedêutico e uma formação técnica e operavam em tempo integral. A qualidade do ensino era igual ou superior à das melhores escolas particulares de nível médio, e eram mais caras do que estas, custando de cinco a dez vezes mais do que as escolas secundárias estaduais.
Dado o elevado custo de instalação e manutenção dessas escolas, a rede sempre foi muito pequena e atendeu a uma minoria muito reduzida dos alunos de nível médio. O problema mais sério, no entanto, que vinha sendo apontado desde antes do governo Fernando Henrique, é que, oferecendo, além da formação técnica, um excelente curso médio regular propedêutico, tornava-se uma ótima preparação para o vestibular. Em virtude disso, as vagas passaram a ser disputadas por alunos provenientes das classes médias, que haviam cursado o ensino fundamental em escolas particulares, os quais, ingressando diretamente na universidade após a conclusão do curso técnico, não se dirigiam para o mercado de trabalho. Diante da grande procura, exigiam exame para ingresso, cuja disputa era tão grande como a que ocorria nos vestibulares das universidades públicas, com os mesmos resultados elitizantes.
Dessa forma, em lugar de formar trabalhadores e técnicos altamente qualificados e bem remunerados para atender às novas necessidades do mercado de trabalho, transformaram-se em cursos pré-vestibulares, atendendo a uma minoria privilegiada17.
O governo Fernando Henrique tomou a iniciativa de separar a formação para o trabalho, oferecida nas