ensino noturno
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O ENSINO A NOITE
Josélia Saraiva e Silva
Luís Carlos Sales
Universidade Federal do Piauí
INTRODUÇÃO
No cenário educacional brasileiro, o ensino noturno ministrado em escolas públicas constitui-se como uma modalidade de ensino destinada a alunos que ultrapassaram a idade prevista para concluir os estudos. Por fazerem parte da camada socioeconômica menos favorecida e tendo que trabalhar para o seu próprio sustento ou da família, tais alunos, obrigam-se a estudar no período da noite.
Talvez a característica mais marcante do aluno do ensino noturno de 1º e 2º graus seja sua condição de trabalhador, desqualificado e superexplorado ao peso de um salário vil e de uma insuportável dupla jornada de trabalho: a da fábrica, loja ou escritório e a da escola noturna.(Pucci el al,1992: 32).
Ao tratar sobre o tema escola noturna, vários autores o fazem sob a perspectiva do trabalho (e.g. Carvalho, 1994). Na visão desses autores, é o trabalho que vai “imprimir” nos alunos do horário noturno a sua característica mais marcante.
Podemos comparar a situação dos jovens estudantes trabalhadores com a situação do índio, do negro, do caipira brasileiro, que foram abruptamente arrancados de seu habitat natural e obrigados a trabalhar para outrem sob chicote.
Reagiam, produziam pouco, fugiam quando ganhavam algum dinheiro, descansavam até que o dinheiro terminasse. Eram chamados de indolentes e, muitas vezes, lamentavam-se os patrões desses trabalhadores (...).
Essa mesma pecha de indolência, de falta de brio é atribuída ao jovem trabalhador na família, no serviço, na escola, no início de sua formação profissional.
É acusado de dispersivo... irresponsável.... rebelde... desordeiro... explosivo; de gastar o que ganha... mudar muito de serviço... faltar às aulas...; É acusado por reprovações... repetições... abandono da Escola... etc. Sua natureza tem que ser domada. Não pode ficar