Ensino médio: ciência, cultura e trabalho
No bojo das reformas educacionais dos anos de 1990, aquela que visou o ensino médio e técnico ganhou relevância especial. O enfoque privilegiado adveio de diversos fatores, entre os quais destacamos a preocupação de agências internacionais com um nível de ensino considerado estratégico para o tipo de desenvolvimento econômico e social previsto para os países periféricos.
De fato, desde o final da década de 1980, estudos do Banco Mundial vinham focalizando nosso ensino médio e técnico, divulgando dados detalhados quanto à valorizada relação "custo/benefício" referente aos investimentos na área, bem como severas críticas à estrutura e funcionamento daqueles cursos, com sugestões bastante específicas no tocante ao redirecionamento dos gastos públicos.
Como se sabe, diversos quadros nacionais, na esfera da educação e da política, aliaram-se às pressões internacionais, o que resultou na derrota, no Congresso Nacional, do projeto original da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) construído democraticamente por educadores e pela sociedade civil. Os desdobramentos posteriores da nova LDB (lei nº 9.394/96) resultaram na total separação entre ensino médio e ensino técnico, passando esse último a ser organizado em módulos, com a possibilidade de serem frequentados sem qualquer vinculação do aluno com uma educação de caráter geral.
Esse empobrecimento do ensino técnico de nível médio veio acompanhado da enfática defesa de uma educação generalista, flexível, como forma de melhor preparar o jovem para responder às novas necessidades do mercado e às exigências do tipo de sociedade que teria prevalecido após "o fim da história". Nesse contexto, a reforma da escola média consistiu, na verdade, de uma tentativa de "reinvenção" desse nível de escolaridade, principalmente por meio de uma ambiciosa reformulação curricular, organizada em