Ensino da gramática da língua portuguesa x variação linguística*
Jaqueline Pereira de Abreu**
O modelo tradicional de ensino de língua portuguesa nas escolas baseia-se apenas no bom uso e aprendizado das regras da gramática normativa e na subvalorização da língua dita não padrão, uma vez que esta sequer é considerada uma variação da língua padrão, mas apenas um desvio dela.
Como a língua utilizada todos os dias por milhares de brasileiros pode ser tão desvalorizada? A escola sendo responsável pelo contato mais frequente que o aluno tem com a língua considerada padrão deve ser também responsável por acabar com essa relação língua padrão x língua não padrão, certo x errado, atentando-se para o fato de que não há uma melhor que a outra, e sim sua adequação em determinadas situações de uso. Segundo Bagno (p.62. 1999) há o lugar da gramática na escola, porém não o mesmo que é atribuído pelo ensino tradicional.
A prioridade deve ser dada ao desenvolvimento da competência linguística do falante, tornando-o apto para interagir nas mais diferentes situações comunicativas do seu dia a dia. O falante é exigido diariamente e a escola poderá propiciar atividades que promovam um contato com o maior número de dialetos possíveis, ajudando-o a ter opções ao se expressar tanto na forma escrita quanto na oral.
A sociedade exigirá sempre, por motivos culturais, políticos e econômicos que o falante faça o “bom uso da língua”, pois há uma escala valorativa já estabelecida, mas nada impede ou atrapalha a comunicação quando utilizamos a língua de um modo mais despreocupado, até porque todo falante nativo já possui sua própria variante da língua adquirida no convívio familiar.
*Artigo de opinião.
** Acadêmica do 8º período do Curso de Licenciatura em Letras a distância da Universidade Federal do Pará. .
Contudo, é preciso que aconteça a mudança de perspectiva. É necessário que se