Engenheiro Civil
CONSIDERAÇÕES SOBRE A MICROESTRUTURA DO
CONCRETO
Luís Fernando Kaefer
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Introdução
O concreto de cimento Portland é um material poroso, com uma estrutura bastante heterogênea e complexa. Analisando sua macroestrutura identificamos dois constituintes principais: a pasta de cimento endurecida e partículas de agregado.
Entretanto, analisando sua microestrutura com o auxílio de um microscópio, distinguimos que a pasta de cimento em contato com o agregado graúdo (numa espessura de 10 a 50 µm segundo MEHTA e MONTEIRO (1994)) possui características diferentes do restante da pasta, podendo ser considerada mais uma componente do concreto. Figura 1 – Macroestrutura do concreto (MEHTA e MONTEIRO (1994))
Além disso, segundo MEHTA e MONTEIRO (1994):
“Cada uma das fases é de natureza multifásica. Toda partícula de agregado pode conter vários minerais, além de microfissuras e vazios. Analogamente, tanto a matriz da pasta como a zona de transição contêm geralmente uma distribuição heterogênea, de diferentes tipos e quantidades de fases sólidas, poros e microfissuras, acrescentando-se ainda o fato de estarem sujeitas a modificações com o tempo, umidade ambiente e temperatura, o que torna o concreto, diferentemente de outros materiais de engenharia, um material com características parcialmente intrínsecas ao material.” 2
Atualmente, o desenvolvimento do concreto está intimamente ligado ao estudo de sua microestrutura. O estudo da microestrutura do concreto permite uma melhor caracterização de cada constituinte e de seu relacionamento com os demais. Desta forma, identificam-se mecanismos responsáveis pela resistência, estabilidade dimensional e durabilidade das misturas, permitindo que se atue de maneira a melhorar as características dos concretos (MEHTA e MONTEIRO, 1994).
O objetivo deste trabalho é caracterizar a microestrutura do concreto, relacionando-a com a performance final do concreto, principalmente nos aspectos durabilidade e