Engenharia
O ser humano, durante o Renascimento, desenvolveu-se não somente em termos artísticos, mas também em termos pessoais, adquirindo maior autoconfiança e libertando-se, aos poucos, da ameaçadora fé medieval. A sociedade humanista do Renascimento, ao substituir os ideais espirituais da Idade Média, ancorados na imagem de um Deus soberano e centralizador pela perspectiva de valorização da capacidade humana resgatada da Antiguidade greco-romana, realizou uma verdadeira revolução. Somente no início do século XVI, porém, começaria a transformação da Igreja Católica, enfraquecida pela força dos humanistas. A Igreja, cujo poder estava centralizado em Roma, ainda se sustentava como a única instituição a transcender fronteiras geográficas, étnicas e linguísticas. A principal marca dessa mudança foi o advento da Reforma protestante, liderada por Martinho Lutero, um brilhante teólogo alemão. O ponto de partida da reforma luterana aconteceu em 1517, quando o teólogo atacou uma prática comum à igreja da época: a venda de indulgências. Em suas 95 teses, amplamente divulgadas, ele denunciava a venda de indulgências como uma prática corrupta que evidenciava uma fragilidade teológica: a suposição de que a salvação individual pudesse ser “trocada” por boas ações. Lutero rompeu com a Igreja Católica ao defender, em suas teses, que a salvação pessoal só poderia ser alcançada com base na afirmação da religiosidade, no arrependimento sincero dos pecados e em uma confiança irrestrita na misericórdia de Deus. Excomungado pelo papa Leão X em 1520, Lutero não se intimidou e continuou a defender que o verdadeiro caminho para a salvação era interior, encontrava-se no próprio ser humano e derivava de suas ações. Para a Igreja, que vinculava a redenção da alma à intervenção dos sacerdotes, o golpe da Reforma protestante foi duro e fez-se sentir imediatamente. Muitos foram os que, ouvindo a palavra de Lutero, passaram a acreditar que sua salvação era