Engenharia
A ascensão chinesa e os desafios da política externa brasileira Até 2003, a ascensão da China gerou um intercâmbio comercial muito positivo para o Brasil. No entanto, nos últimos anos o padrão de comércio indica que o Brasil importa cada vez mais bens manufaturados, enquanto exporta matérias-primas. Isto provocou uma série de demandas de diferentes setores empresariais a fim de adotar uma política mais protecionista. Além disso, a estratégia de cooperação Sul-Sul encontrou dificuldades para se refletir em ações concretas nos organismos internacionais, como a Organização
Mundial do Comércio (OMC). O resultado é que, desde 2005, o governo decidiu
ALEXANDRE DE FREITAS
BARBOSA / RICARDO
CAMARGO MENDES
adotar uma postura mais pragmática em sua relação com a China.
O
objetivo central deste texto é apresentar os elementos de ordem econômica e geopolítica que têm condicionado a política externa brasileira com relação à China no período recente.
O texto encontra-se estruturado da seguinte forma. Na primeira parte, procura-se situar o lugar da China na política externa brasileira, assim como o papel que o Brasil ocupa no intento chinês de diversificar os parceiros geopolíticos e comerciais, de modo a estender o seu arco de alianças para além da Ásia.
Alexandre de Freitas Barbosa: doutor em economia aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
Ricardo Camargo Mendes: mestre em relações internacionais pela Universidade de Cambridge
(Hughes Hall) e diretor da Prospectiva Consultoria Brasileira de Assuntos Internacionais.
Palavras-chave: relações internacionais, comércio, organismos internacionais, China, Brasil.
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NUEVA SOCIEDAD
ESPECIAL EM PORTUGUÊS
China e Brasil
Na segunda parte, são apontados os