Filosofia e mito | A filosofia surge do mito e a ele se opõe, o mito opera com a representação e a filosofia com o conceito. A filosofia grega começa a brotar dentro da mitologia grega, que é a religião grega. Na Odisséia, Ulysses orientado pela deusa Atena, símbolo da sabedoria, é conhecido por ser racional diante dos problemas que se apresentam na sua epopéia. À medida que a razão se afirma, passa a opor-se à explicação mitológica. Os primeiros filósofos sofreram dura perseguição religiosa, apesar da tradição de tolerância do paganismo grego. Anaxágoras fugiu de Atenas, pois ousou duvidar que a lua fosse uma deusa e afirmar que via nela mares e montanhas. O mesmo aconteceu com Sócrates, morto sob a acusação de impiedade. Aristóteles exilou-se para não sofrer idêntico castigo, pois não aceitava afirmações como a de que o titã Atlas sustentava a terra e o céu, atribuindo-as “à ignorância e a superstição”[1] do povo grego. O período da Idade Média propiciou um ressurgimento da religião e uma decadência do pensamento filosófico. O cristianismo substitui a religião pagã e a filosofia tornou-se uma auxiliar do processo de catequese, uma escolástica, um método de argumentação. O platonismo e o estoicismo foram incorporados, em parte, à filosofia cristã, fundamentada no filósofo alexandrino Fílon[2]. O combate entre neoplatônicos e cristãos foi acirrado, como testemunha, por exemplo, o assassinato da matemática e filósofa neoplatônica, Hypatia, por fundamentalistas cristãos comandados pelo bispo Cirilo[3]. Posteriormente, Aristóteles também foi absorvido pelo pensamento cristão através da leitura de São Tomás de Aquino. Subsistiu, à margem das instituições feudais, o materialismo através da alquimia. Com o renascimento, a revolução industrial e a modernidade, retornou-se à filosofia clássica, grega, e, novamente foi feroz a crítica à religião dominante daquele tempo, que era o cristianismo, inicialmente como catolicismo e depois também como protestantismo. Neste