enfermagem
De acordo com o Código Penal brasileiro o aborto só é permitido em casos de estupro ou para salvar a vida da mulher. Entretanto, essa prática ainda é realizada nos casos de uma gravidez indesejada, e continua sendo um dilema ético, religioso, científico e um risco para a saúde de quase 1 milhão de mulheres brasileiras todos os anos. As complicações decorrentes de abortos malfeitos, sem condições de higiene ou segurança, representam a quarta causa de morte materna, atingindo cerca de 200 mulheres. Estima-se que cerca de um milhão de abortos são realizados no Brasil de modo clandestino. Mas esse cenário já foi pior na década de 80, em que essa estimativa poderia ter chegado a quatro milhões por ano. Vários fatores contribuíram para a redução do número de abortos, como o aperfeiçoamento dos métodos anticoncepcionais e a disseminação de políticas de planejamento familiar.
Apesar da diminuição do custo e a facilidade de acesso aos anticoncepcionais femininos e masculinos que poderiam reduzir a taxa de gravidez indesejada, cada vez mais cresce o número de pacientes que procuram um consultório médico decididas a abortar. E os profissionais da saúde se deparam, no dia-a-dia, com essa questão sem solução unânime no campo religioso (quando o feto começa a ter alma?) e no científico (quando a vida começa?). Diante da irredutibilidade das pacientes em abortar, muitos médicos consideram seu dever profissional ajudá-las a enfrentar da melhor maneira possível as conseqüências dessa decisão. “Não posso interromper uma gestação, mas tenho o dever ético de explicar à minha paciente quais são os métodos abortivos e, depois, se necessário, acudi-la”, diz o obstetra Osmar Ribeiro Colas, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A filosofia da redução de danos para o aborto surgiu no início dos anos 2000, no Uruguai, onde o aborto é permitido somente em casos de estupro, para salvar a vida da