Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio
Antropologia Filosófica
G. W. F. Hegel
Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio
Carina da Silva Santos
O tema essencial dos parágrafos que vou falar é a sensação. (§399 à §401)
§399
No parágrafo §399, o tema fundamental é o despertar. É a passagem do dormir para o estado desperto. “No ser-para-si da alma desperta está contido o ser enquanto momento ideal; assim a alma desperta encontra dentro de si mesma e, a bem dizer, para si, as determinidades de conteúdos de sua natureza dormindo, que como em sua substância estão, em si, nela.” O que Hegel aqui nos parece dizer é que o despertar resulta de potencialidades que a alma possui sempre em si, de maneira que, o despertar é a sua atualização. Se a determinidade “é diferente da identidade de ser-para-si consigo mesmo” mas, no entanto, está contido nessa simplicidade, o que isto nos parece dizer, é que tudo aquilo que pode acontecer à alma, que ela pode sentir, está de alguma maneira contido na sua essência. No adendo do parágrafo §399, Hegel descreve processo da passagem da alma do dormir para o lado desperto. Curiosamente, segundo Hegel, o sono que sentimos quando estamos acordados é a tendência natural da alma para a “unidade indiferenciada consigo mesma”, pois o espírito está inteiramente preso na natureza, não possui este retorno sobre si mesmo. No entanto, na alma não devemos entender este retorno como uma mera repetição do sempre igual, pois “naquele retorno está contido um progresso”. Relembremos que, em Hegel, a realidade é caracterizada pela passagem do universal abstrato para o universal concreto e este processo é repetido em todos os níveis da natureza. Ora, também é assim na passagem do sono à vigília. Pois da separação entre o “ ser substancial indiferenciado da alma no sono” e o “seu ser-para-si ainda totalmente abstrato” da vigília, surge a sua unidade concreta. Ou seja, existem duas oposições relativas que serão superadas no momento