Empresa Humana ou Humano Empresa
especial pressões e angústias do mundo corporativo
EMPRESA HUMANA
OU HUMANO
EMPRESA?
É grande a distância entre o discurso e a realidade das empresas que afirmam valorizar seus funcionários e colocá-los no centro das atenções de gestão. Por trás do discurso da “empresa humana”, existe uma precarização das condições do trabalho, com consequentes prejuízos ao bem-estar e à dignidade das pessoas
Daniel Pereira Andrade, professor da FGV-EAESP, daniel.andrade@fgv.br V
alorizar as pessoas tornou-se palavra de ordem do mundo corporativo, repetida à exaustão por executivos, consultores de RH e gurus de plantão. “Empresas humanas” – expressão pela qual vêm sendo chamadas as organizações que valorizam seus funcionários e os colocam no centro das preocupações de vol.10 nº1
jan/jun 2011
gestão – estão decididamente na moda.
Por um lado, é inegável que existe por trás disso um novo princípio organizador das práticas administrativas, elevando o ser humano, de fato, a elemento central do processo de geração de valor econômico. Por outro lado, o discurso de que isso levaria as empresas a se tornarem mais “humanas” não é verdadeiro.
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Ao contrário do que prega tal discurso, essas novas práticas administrativas tendem a precarizar, em vez de melhorar, as condições de trabalho e o bem-estar e dignidade das pessoas.
Para compreender de que forma ocorre esse distanciamento entre discurso e prática, a seguir procuramos esclarecer no que consiste exatamente a atual
“valorização” do ser humano no mundo corporativo, e discutimos as suas consequências na vida das pessoas.
DISCURSO
Anos atrás, me deparei com um livro sobre retenção de talentos, produzido por uma famosa empresa de consultoria. O texto anunciava uma importante mudança, a partir de uma nova concepção sobre as pessoas na