empreendimento feminino: o caso da agricultura familiar
RESUMO
Há um entendimento que o empreendedorismo e a democracia andam de mãos dadas, pois apenas em um ambiente democrático se tem um ambiente próspero para os negócios. Entre os adeptos deste raciocínio está o famoso empreendedor Pitch Johnson1, que acredita, ainda, que os empreendedores são verdadeiros revolucionários, uma vez que utilizam a liberdade econômica para desafiar as estruturas econômica, social e política existentes”2. A partir desta concepção, trataremos, no artigo, como a evolução democrática do país, com as mudanças operadas no campo da política, da cidadania e da educação contribuíram para tornar o Brasil um ambiente mais propício ao empreendedorismo feminino; e como este empreendedorismo opera, em contrapartida, mudanças nas estruturas social e econômica do país, com foco na agricultura familiar.
Palavras-chave: agricultura familiar; empreendedorismo feminino; pequenos negócios; Sebrae
1 INTRODUÇÃO De acordo com a pesquisa sobre empreendedorismo no Brasil realizada pela Global Entrepreneurship Monitor em 2013, as mulheres já são maioria no empreendedorismo do país: a proporção é de 52,2% mulheres para 47,8% homens empreendedores. A exceção ocorre apenas na região Nordeste, em que há uma pequena maioria dos homens (50,9%). Embora a vantagem percentual das mulheres empreendedoras não seja tão significativa, revelando um relativo equilíbrio de gênero no empreendedorismo no Brasil, o dado aponta um grande ganho quando considerado o histórico de inserção da mulher no mercado de trabalho e na vida econômica social. Para se ter uma ideia, o número de empreendedoras em 2001 era de apenas 29,1%. A dificuldade da mulher de inserção no mercado de trabalho é histórica. Nas primeiras décadas do século XX, ela constituiu uma grande parte do proletariado do país graças a sua mão-de-obra barata. No entanto, com o avanço da industrialização, a mão-de-obra