Empreendedorismo
Carlos Eduardo Pinto Santiago1
INTRODUÇÃO
Ao longo do processo de desenvolvimento econômico brasileiro no século XX, percebeu-se um padrão de crescimento guiado quase que exclusivamente pelo fortalecimento das estruturas produtivas baseadas nas grandes plantas industriais e no centralismo do Estado. A execução de projetos com baixo poder de inclusão dos segmentos sociais historicamente desfavorecidos, aliada à incapacidade de transformação de tal realidade socioeconômica, fez com que o país se tornasse um dos líderes mundiais no ranking da desigualdade social. À medida que tal modelo foi exaurindo-se, em face das mudanças nas condições de reprodução do sistema capitalista a nível internacional e das próprias alterações de concepção do papel do Estado na economia brasileira, constatou-se duradoura estagnação econômica. E, a partir deste fenômeno, multiplicaram-se problemas como o elevado índice de desemprego, altas taxas de informalidade, dificuldades de inserção das empresas brasileiras no mercado externo, além de impactos sociais negativos que foram se cristalizando no país. Buscando superar o cenário apresentado, uma miscelânea de iniciativas tomadas por movimentos sociais, e, concomitantemente, por alguns segmentos da estrutura administrativa estatal, vem despontando na mobilização de territórios e agentes locais. É cada vez mais comum a adoção de práticas que venham a assumir o desenvolvimento como um processo que extrapola a abordagem economicista, e que não pode ser levado à frente por meio de ações isoladas e fragmentadas de governos ou representantes empresariais. Neste contexto, surgem espaços para que diversas instituições (públicas, privadas ou do terceiro setor) canalizem seus esforços para a valoração de territórios, promovendo seus componentes e os atores sociais que nestes se encontram. Para isso, faz-se necessária a superação da visão que vincula crescimento econômico