emigração
Análise
Social,
vol.xxviii(123-124), 1993 (4.°-5.°), 829-834
Integração social e exclusão social: algumas questões**
Num encontro recente de sociólogos, que se realizou em Vila do Conde, discutia-se a certa altura o alcance e a utilidade da noção, cada vez mais utilizada, de qualidade de vida. E um especialista de outra área de conhecimento argumentava no sentido de que a infinita variedade subjectiva das necessidades, dos desejos e das opções a respeito do modo como as pessoas vivem ou gostariam de viver torna inoperacional e, finalmente, inutilizável essa noção. O que é qualidade de vida para uns é indesejável para outros. Qualquer tentativa de a definir, quer no plano do conhecimento, quer no plano da intervenção, estaria, assim, maculada por uma normatividade arbitrária.
Talvez valha a pena discutir um pouco em torno desta perspectiva, que põe simultaneamente um problema de nível de análise e um problema de normatividade e intervenção.
Aquilo de que a sociologia se pode ocupar é das condições sociais que permitem, em maior ou menor grau, isso a que se chama qualidade de vida.
Não escolhe, nem tem de escolher, entre a lagosta suada e o hamburger; essas são certamente, nos não muito frequentes casos em que podem sê-lo, escolhas individuais dos cidadãos.
A normatividade que sempre se introduz naquilo que as ciências sociais fazem exprimir-se-á aqui em admitir que para um dado estado de coisas social importa maximizar a latitude de opções para o maior número possível de indivíduos. O objectivo de estudo será então a gama de oportunidades, os limiares ou patamares em que se podem manifestar e diferenciar as escolhas individuais, em conexão com as condições sociais que contribuem para definir esses patamares.
O exemplo enunciado parece servir, a mais do que um título, para enquadrar algumas questões globais referentes à exclusão social.
Talvez convenha começar por perguntar o que é a não exclusão, o