Emergência da psicopedagogia como ciência
Tratar a questão entrave no processo de aprendizagem escolar da perspectiva psicopedagógica exige um meticuloso exercício para posta a questão de forma a não fazer do sujeito da psicopedagogia uma mera abstração teórica. O aporte teórico do diagnóstico e do tratamento dos problemas escolares tem como objeto o sujeito da aprendizagem em sua dimensão biopsicocultural, o professor enquanto mediador na construção do conhecimento, a escola enquanto instituição, sujeita às leis e à tradição da educação em nosso país, a família como instância responsável pela constituição e o desenvolvimento do sujeito. Todos esses aspectos são contemplados numa análise histórica. Por outro lado, o caráter da singularidade do processo individual deve estar no centro da cena. Estudar com profundidade este complexo sistema e, ao mesmo tempo, atender aos paradigmas científicos sem sucumbir ao aprisionamento conceitual, construindo uma concepção psicótica da realidade, no exemplo de outras disciplinas, é preciso seguir em frente, como bem sugeriu Hermam ao referir-se ao compromisso da Psicanálise.
Há alguns anos vem crescendo a demanda por curso de mestrado e doutorado em Psicopedagogia. Os alunos que concluem os cursos de especialização e desejam dar prosseguimento ao trabalho monográfico dos cursos latu sensu raramente encontram espaços acadêmicos em que possam viabilizar o aprofundamento da pesquisa sem descaracterizar o objeto de estudo. Por outro lado, aqueles que concluem suas dissertações e teses, o fazem ajustando seu trabalho às linhas de pesquisas dos programas strictu sensu aos quais se vincularam, o que muitas vezes exige profundas mudanças no tratamento dado à questão, de forma que estes trabalhos, que originalmente seriam produção cientifica do âmbito da Psicopedagogia, acabam por perder sua especificidade.
Ainda que os obstáculos sejam muitos, a Psicopedagogia se constrói incessantemente como que voltando para si àquilo