Em defesa da micro história
EM DEFESA DA MICRO-HISTÓRIA: UMA OUTRA PERSPECTIVA METODOLÓGICA (CANTAGALO E SUAS ELITES NO OITOCENTOS) Eliana Vinhaes Barçante Prof. Assistente UNESA/UERJ 1
Introdução
Este texto pretende provocar novas reflexões sobre uma maneira de se fazer História utilizando a micro-história como uma outra maneira de se debruçar sobre o passado. Ao enfatizarmos a possibilidade micro-analítica de se recortar um determinado objeto pensamos algumas observações que têm sido levantadas por pesquisadores e estudantes ao longo das últimas décadas. A resistência em se fazer o recorte microanalítico apresentava a argumentação de que a macro-história estaria sendo esfacelada, possibilitando a fragmentação do conhecimento histórico. Por outro lado, argumentava-se da tentação em se tornar geral o que é específico. Procuramos mostrar neste texto que não há oposição entre a micro e a macrohistória. Esta é uma falsa questão. Para tanto, citamos o trabalho de Giovanni Levi (2003), um dos especialistas da escola italiana, quando aponta para a redução de escala, enquanto uma divisão
arbitrária, que nos remete ao entendimento da história geral. Esclarece que utilizar este procedimento nos permite aprofundar determinados fenômenos conhecidos como gerais e que podem ser mais detidamente observados com a redução de escala. Mas esta redução de escala não desmerece a qualidade da análise e não a dissocia da perspectiva geral. O foco numa escala reduzida apresentaria as possibilidades de se desvendar dinâmicas que poderiam ser elididas em leituras mais gerais, mas que fazem parte dos mesmos processos gerais. Levi utiliza a metáfora da redução de escala quando exemplifica com o microscópio, como aquele que possibilita a leitura do minúsculo, despercebido a olho nu. O microscópio, portanto resgataria a percepção do micróbio, que poderia ser generalizado para se entender a enfermidade (LEVI, 2000) 2 .
Este texto foi elaborado para a Revista Eletrônica Jacareacademico, em adaptação de texto