Eli lilly
VASSALO, Claudia. O futuro mora aqui. Exame, n’ 734, p.35-54, 21 fev. 2001
Em meio a uma plantação de mandioca em Cosmópolis-SP, o laboratório americano instalou sua mais avançada fábrica de antibióticos injetáveis. Trata-se de um lugar quase deserto, silencioso, onde engenheiros, executivos e operários vestem-se igualmente, como cirurgiões. Na fábrica de Cosmópolis, a contaminação do ambiente é nula e a qualidade dos processos, altíssima. Seus 300 funcionários são treinados para lidar com detalhes. É isso que a transforma numa fábrica de classe mundial. Neste ano, o Food and Drug Administration – FDA – órgão americano responsável pela inspeção de alimentos e medicamentos – deve certificá-la. A partir de então, seus antibióticos poderão ser vendidos para qualquer lugar do mundo. Antibióticos são produtos da modernidade que, normalmente, funcionam tão bem que só são percebidos quando falham. Os funcionários da fábrica sabem que a saúde de muitas pessoas pode depender da qualidade do produto feito por eles. Todos eles participam da definição de como executar os processos da fábrica. A partir de então estabelecem um compromisso: e aquelas determinações serão religiosamente seguidas. Às chaves para que grupo se mova com independência e autocontrole são informação e treinamento. Na fábrica, cada funcionário – incluindo os altos executivos – têm em média 10 horas mensais de treinamento básico, com cursos que vão de liderança a gerenciamento do tempo e qualidade. As informações a respeito são armazenadas nos crachás. São elas que determinarão se o funcionário pode ou não desempenhar certas tarefas. Cada funcionário passa uma semana inteira aprendendo como se vestir para entrar no setor onde trabalha. Isso é importante, porque lá dentro tudo tem de ser perfeito e ele é responsável por isso. Todos os dias, antes de penetrar no asséptico e solitário mundo da cristalização estéril, um dos processos críticos da