eletrocardiograma
Willen Einthoven, em 1902, idealizou um aparelho para registrar as correntes elétricas que se originavam no coração. Surgia o eletrocardiógrafo e o eletrocardiograma. Nestes mais de cem anos, tanto os aparelhos quanto a própria metodologia de interpretação se modernizaram. Surgiram novas aplicações, fazendo com que o eletrocardiograma continue sendo um exame de extrema importância. É de fácil manuseio, reprodutível e de baixo custo operacional. O estudo minucioso e a análise metódica das ondas, dos intervalos e dos segmentos formam a base para a interpretação do eletrocardiograma normal, das patologias cardiocirculatórias e de condições extracardíacas que modifiquem o traçado.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia, em comemoração a estes cem anos do eletrocardiograma (ECG), realizou a Diretriz de Interpretação do Eletrocardiograma de Repouso1, sistematizando a interpretação do eletrocardiograma normal e das diversas alterações cardíacas e não-cardíacas. Os dados aqui citados seguem as normas da referida diretriz.
Ativação elétrica do coração
A análise dedutiva é a base fundamental na interpretação do ECG e requer o conhecimento do significado do processo de ativação do coração2.
Ativação ou despolarização cardíaca, em condições normais, tem origem no nódulo sinusal (nódulo de Keith-Flack), região do marca-passo cardíaco, localizado no átrio direito, sendo esta a primeira área do coração a se despolarizar. O estímulo alcança, em seqüência, o átrio esquerdo, o nódulo atrioventricular (nódulo de Aschoff-Tawara), o feixe de His e seus ramos (esquerdo e direito), a rede de Purkinje, os ventrículos e, por fim, se extingue.
Durante a atividade cardíaca desencadeada pelo processo de ativação do coração, fenômenos elétricos são originados na despolarização e repolarização, podendo ser registrados pelo eletrocardiógrafo3.
Ativação atrial inicia-se no átrio direito (AD) e se estende ao átrio esquerdo (AE), sendo representados por dois vetores do