eleanor h. porter ( autora de pollyanna)
Sou a empregada de Miss Polly, a única herdeira da família Harrington, uma das mais ricas dessa cidadezinha de Beldingsville. Ouvi a campainha tocar. Fui atender, era o carteiro com uma carta, para a patroa. Ao reconhecer a letra de Pollyanna meu coração disparou. E, então, recordei-me de outra carta que Miss Polly recebera, um ano antes, e mudara inteiramente as nossas vidas. Trabalhava para ela há dois meses, naquela época e não me acostumara com seu gênio. Aos quarenta anos, sozinha, vivia de mau humor, e por inexperiência, diante de seu desgosto, eu não sabia como agradá-la. Depois de entregar aquela carta, percebi que Miss Polly ficara mais nervosa do que de costume. Até que veio a cozinha:
-Nancy, vá limpar o quartinho do sótão. Tire a poira e arrume a cama.
-Sim senhora.
-Minha sobrinha de onze anos, Pollyanna, vem morar comigo. Ela vai dormir lá.
-Uma garotinha aqui, que bom!
Como não tinha com quem compartilhar sua inquietude, ela acabou por desabafar comigo, lembrando-se da história de sua família. Sua irmã Jennie, cortejada por um homem rico. Mas, contra a vontade de todos, se casou com um pobre pastor de igreja e fora viver no Norte do país. Escreveram algumas vezes e em uma delas comunicaram o nascimento de sua filha, Pollyanna. A mágoa ainda persistia entre os familiares e, quando começaram a cogitar uma reconciliação com Jennie, chegou a notícia de sua morte. Dez anos se passaram, chegara aquela carta, informando que o pai de Pollyanna também morreu. Como única parente viva caberia a ela a guarda da órfã.
Obedecendo-a, fui limpar o sótão. Fiz o serviço o melhor que podia e saí para o jardim. Falei com Tom, o jardineiro, sobre a vinda de Pollyanna. Ele se lembrava de sua mãe Jennie:
-Era um anjo! A menina deve ser igual a ela.
-Miss Polly vai coloca-la no quartinho do sótão, é uma mulher sem coração!
-Você não a conhece bem, é uma pessoa boa. Teve até um grande amor.
-Não posso acreditar que alguém a amou.
-Mas