el metodo

Para mim, El Metodo é um breve e excelente ensaio sobre ética.
Totalmente construído em cima de conversas e situações mais ou menos sutis, a trama nos mostra o que somos capazes de fazer em determinadas situações de confronto.
Na verdade, o filme passa a impressão de querer mostrar que a ética - o verdadeiro respeito entre as pessoas está morto e enterrado. O que existe são os bons modos, as gentilezas e o comportamento. Quando pressionadas, as pessoas simplesmente atropelam o próximo, de uma forma que beira a crueldade. O mais interessante é que isso não apenas é tolerado, mas verdadeiramente incentivado pela empresa.
O filme nos faz refletir sobre os valores adotados pelo neocapitalismo, processo de uma nova revolução industrial. Onde devemos ser fiéis às empresas, que nos dão o sustento. Para provarmos nossa utilidade devemos nos despir de nossa humanidade e de todas as fraquezas. Números, resultados e retorno financeiro valem mais do que pessoas. Quanto mais ‘sujo’ você é mais chance tem de ser dar bem no mundo.
Verifica-se que ele reproduz, com clareza, a complexidade dos atuais processos seletivos, os quais exigem dos candidatos não só dinamismo e desenvoltura, mas ao mesmo tempo, certa carga de submissão às ideias pregadas pela empresaria. Os participantes são testados para ver suas habilidades que superam a capacidade técnica para exercer as funções do cargo pretendido e com isso, os processos seletivos passam a ser formulados estrategicamente com base em uma seleção para a escolha daquele que possivelmente melhor atenda às exigências da empresa.
Assim é a globalização. O mercado globalizado requer alto grau de competitividade. Nessa disputa não há espaço para problemas pessoais. É vencer ou vencer! Trata-se de um vale-tudo. Na verdade, as discriminações estão presentes em todas as esferas da sociedade, porém, quando constatadas durante a fase pré-contratual, impedem o acesso ao emprego, ferindo um dos objetivos fundamentais do Estado brasileiro