EJA
Ao retomar os estudos, eles se socializam, aprendem conteúdo e ganham independência
Camila Camilo (camila.camilo@fvc.org.br)
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Jacira Pereira de Jesus, de Salvador, Marilisa Silva, de Vitória, e Cícero Pereira de Souza, de Ibiapina, a 360 quilômetros de Fortaleza, possuem, ao menos, duas coisas em comum: têm mais de 60 anos e são estudantes (leia os depoimentos nas páginas seguintes). Os idosos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) - que representam cerca de 3% das matrículas do segmento no país, segundo o Censo Escolar 2012 - fazem parte de uma parcela da população que não teve oportunidade de frequentar a sala de aula na idade certa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 10 milhões de brasileiros nessa faixa etária não sabem ler ou escrever.
O perfil sociodemográfico dos idosos brasileiros, elaborado pela Fundação Perseu Abramo e pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) em 2007, detalha melhor o cenário. Segundo o estudo, o analfabetismo funcional atinge 49% das pessoas acima de 60 anos. Entre elas, 18% não tiveram Educação formal e 89% não concluíram o Ensino Fundamental. "Alguns até tiveram acesso à escola, mas a frequentaram de forma esparsa por causa de dificuldades como a distância, a necessidade de ajudar no trabalho rural e doméstico, a desconfiança dos pais e medo do professor, mas não concluíram os estudos", explica Maria Margarida Machado, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Já na vida adulta, a obrigação com a família é uma das razões para adiar o retorno às aulas. Na terceira idade, essas responsabilidades diminuem: os filhos estão criados e a disponibilidade de tempo é maior, por causa da aposentadoria.
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