Efeito borboleta
DO TEMPO - UMA ANÁLISE ACERCA DA CAUSALIDADE E DA LIBERDADE
Ricardo Rangel
No artigo anterior a respeito do filme "Efeito Borboleta", foram discutidos essencialmente aspectos morais que tal obra cinematográfica suscita ao espectador mais atento, bem como outras questões de cunho geral foram abordadas de forma bastante introdutória e superficial, a fim de despertar a crítica e a reflexão dos mais interessados em tais análises. Neste presente ensaio, o que pretendo minimamente é reconduzir a questão moral através de uma análise mais fina a respeito do conceito de liberdade que pode estar por trás do filme, bem como, conjuntamente, tratar do tema da causalidade, de forma bastante resumida, é claro, pois o conceito de causalidade está intimamente relacionado com o de liberdade. Também procurarei falar um pouco a respeito da Teoria do Caos, aspecto este, fundamental, que ficou faltando no ensaio introdutório, e que representa a base teórica do filme.
A Teoria do Caos é constituída por um sistema de explicações (conceitos) e equações matemáticas que procuram, basicamente, descrever o comportamento dos assim chamados sistemas complexos, os quais se caracterizam por existirem vastamente na natureza e por apresentarem um comportamento aleatório: são muitas variáveis em jogo, e uma pequena alteração no sistema pode desencadear uma reação descontrolada dentro do mesmo. É para ilustrar isso que se fornece o famoso exemplo do bater de asas de uma borboleta localizada neste hemisfério do planeta que pode influenciar em um furacão do outro lado do mundo: é o chamado "efeito borboleta" da Teoria do Caos. Neste caso, o sistema complexo é a atmosfera terrestre, com o seu movimento das massas de ar, e esse bater de asas da borboleta é uma pequena alteração no sistema, que provoca uma reação em cadeia de todas as múltiplas variáveis que o compõem. Na Teoria do Caos, existe o conceito de "caos determinístico", onde se pode prever o