Educação
Posted on February 10, 2004 by Cisco Costa Barthes entra no tema de sua aula propriamente quando começa a discutir relações de poder dentro da sociedade. A partir deste ponto, imagina, este resenhista, diversos membros do Colégio de França se arrependeram de terem aquiescido à indicação que Michel Foucault fizera para aquela posição.
Para Barthes, o poder está impregnado em todas as relações sociais, por mais ínfimas que sejam. Sua manifestação suprema e inescapável seria a linguagem. Assim, a própria estrutura da língua refletiria imposições sociais e relações de poder estabelecidas, moldando as mensagens formuladas nela. “Fascista” é o termo que o autor emprega para descrever a língua, em um floreio retórico.
Esta visão barthesiana sobre a linguagem é uma paródia acidental de variantes do marxismo. Quando ele diz na página 15 que “[n]a língua, portanto, servidão e poder se con-fundem inelutavelmente”, ele está tentando aplicar o materialismo dialético a um objeto muito além de sua alçada. Quando ele defende nas páginas seguintes que a liberdade deve ser conquistada “trapa[ceando] a língua” (p. 16), combatendo a língua “no interior da língua” (p. 17), Barthes reflete apelos a subversão. A reflexão posterior sobre Mallarmé (p.23-24) explicita este ponto. Sendo um literato, não um revolucionário, suas palavras são mero palavrório sem efeito.
A seguir, ele indica três “forças da literatura” que devem ter efeito sobre a língua, essa opressora: Mathesis, Mimesis e Semiosis. Indica estas forças e nunca mais toca nelas usando estes nomes gregos.
Então Barthes comete o pecado que pós-modernos e pós-estruturalistas e outros grupospós-etc. aos quais ele se liga acusam a ciência tradicional da tradição iluminista: essencialismo. E um essencialismo tolo, pois ele defende que a “disciplina literária” contém todas as outras. Refutar esta asserção é tarefa desnecessária: ela expõe seu próprio ridí-culo para qualquer