Educação
A teoria socioistórica de Vygotsky e a educação: reflexões psicológicas
Anna Paula Brito Lima
Ilustração: Danny Lay
Palavras-chave: funções psicológicas; educação; história e contexto.
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 198, p. 219-228, maio/ago. 2000.
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aponta para uma visão vygotskiana: uma teoria é produzida dentro de um contexto histórico, por um homem igualmente contextualizado e inserido em um tempo histórico. Isso é válido para qualquer análise científica. Se tomarmos como exemplo o modelo geocêntrico, que propunha que a terra era o centro do Universo, compreendemos que esse modelo foi válido durante um certo tempo e contexto históricos. A partir da sua análise e da evolução da Ciência, ele passa, então, a não mais ser aceito, surgindo o modelo heliocêntrico, que o suplanta e propõe outra explicação científica mais relevante.
Em relação à Ciência Psicológica podemos dizer que essa forma de analisar – onde novos modelos teóricos suplantam as teorias anteriores – está correta e incorreta, ao mesmo tempo. Ela é válida se considerarmos que em Psicologia novas teorias desenvolvem-se, e que estamos muito longe de encontrarmos uma teoria "ideal", até porque sabemos que a Psicologia é um corpo de conhecimentos extremamente complexo, donde uma única concepção teórica não pode ser suficiente para explicálo. Mas essa mesma análise, acerca de novos modelos que superam o anterior, deixa de ser correta, quando refletimos que uma nova teoria não "expulsa", necessariamente, do cenário dessa Ciência, outras que lhe antecederam. Isto pode ser analisado quando consideramos as teorias de Psicologia que se interessaram em refletir sobre o ensino e a aprendizagem. Não há como fazer referência à teoria socioistórica, por exemplo, sem analisá-la estabelecendo relação com outras teorias, sobretudo se considerarmos a inserção destas na educação em nosso País.
Do ponto de vista do cenário políticoeducacional do Brasil,