Educação e Desenvolvimento
José Alberto Correia
João Caramelo
As transformações que nas duas últimas décadas se têm produzido nos mecanismos de regulação social não se têm manifestado apenas pelo reconhecimento da falência dos modernos EstadosNação enquanto instrumentos de produção e distribuição de recursos susceptíveis de assegurarem uma coesão que sustente o desenvolvimento social. Para além da globalização das economias que fez com que o Estado, nas palavras de D. Bell, se tornasse demasiado pequeno para resolver os grandes problemas da vida, assistiu-se também, ainda segundo o mesmo autor, ao reconhecimento de que o Estado era demasiado grande para resolver os pequenos problemas da vida. Esta falência das políticas redistributivas do Estado, para além de inviabilizar a sua intervenção na superação da crise económica que persistia apesar da retoma económica contribuindo para a erosão dos mecanismos tradicionais de gestão das crises, contribuiu para que se produzissem importantes transformações nos modos de se pensar as relações entre o local e o global, bem como nos modos de se pensar as questões do desenvolvimento e a eventual contribuição da educação.
Estas transformações exprimiram-se numa verdadeira revolução semântica onde algumas das problemáticas que nas décadas de 60 e 70 tinham sido construídas no interior de um processo de reivindicação de uma autonomia relativamente à tutela do Estado, se tendem hoje a transformar em matrizes orientadoras do próprio discurso estatal. Esta verdadeira inflação linguística de noções como autonomia, solidariedade, acção local, territorialização, cidadania, responsabilidade, formação e projecto, não significa, no entanto, que não se tenha assistido a uma inflexão das relações entre referente e referido.
Na realidade, embora se deva reconhecer a importância deste processo que contribuiu para a visibilidade de problemáticas e protagonismos