Educação popular em saúde: o círculo de cultura como ferramenta de promoção de participação popular no SUS
Desde a década de 90 a educação popular se fortalece como estratégia de construção da participação popular no âmbito do Sistema Único de Saúde, o SUS. Essa educação popular ( de base freiriana) deve ser posta em prática com vistas à democratização do SUS, a partir de uma participação consciente, ativa e crítica da sociedade.
A educação popular tomou forma no Brasil a partir da década de 50, encabeçada pelo educador pernambucano Paulo Freire. Trata-se de um movimento político-pedagógico que parte de concepções particulares de homem, sociedade e conhecimento para formular uma teoria da educação pautada nas relações entre oprimidos e opressores existentes na sociedade.
Essa relação entre oprimido e opressor foi descrita por Paulo Freire como uma condição natural da sociedade. Assim, todo momento as pessoas oprimem a uns, ao mesmo tempo em que são oprimidas por outros, sendo que essa relação não se dá de forma polarizada, meramente oposicionista e sim num entrelaçamento de interações complexas que estruturam a realidade de determinada maneira.
Ao falarmos de opressor e oprimido não estamos falando de pessoas boas ou más, mas pessoas que inevitavelmente fazem parte desse processo e que para intervirmos sobre elas devemos levar em consideração as condições concretas que as pessoas possuem para mudar sua maneira de agir e problematizar isso juntamente com elas, para que consigam modificar a realidade de forma a romper as relações opressor-oprimido que existem em seu cotidiano.
Igualmente a outras teorias, a teoria da educação popular freiriana foi utilizada no Brasil até a década de 70 para promover processos de subordinação das pessoas a modelos individualistas e assistencialistas de saúde, ou como forma de reger outros modos de vida e de sociedade. Em contrapartida, durante o Regime Militar, também foi utilizada para nortear os diálogos entre intelectuais