EDUCAÇÃO INFANTIL
Resumo:
Ritos de passagem socializam os membros mais jovens de uma dada sociedade. Os tupinambás não são exceção. No século XVI, os portugueses se impressionam com modelos de socialização entre os tupinambás, em particular, a couvade*** , que pouco compreendem e logo assimilam à barbárie. No entanto, são eles que permitem tecer elos sociais, integrar idades e instaurar uma diferença de gêneros. Distante de uma visão ideológica veiculada pelos portugueses que apresentam essas comunidades sem regras educativas, a sociedade tupinambá, ao contrário, é estruturada e preocupada com a educação de suas crianças. Palavras-chave: educação; tupinambá; Brasil; corpos; rituais.
Em 1500, quando da chegada dos portugueses no que se tornaria mais tarde o Brasil, os tupinambás, membros de um subgrupo aparentado à família linguística dos tupi-guaranis, viviam disseminados ao longo da costa brasileira desde a Bahia até São Paulo (MÉTRAUX, 1928b). Primeiros indígenas a entrarem em contato com os europeus, neles provocaram admiração e estranhamento. As descrições, em geral, os apresentam como bons e/ou maus, segundo sua atitude amigável ou hostil em relação aos exploradores. Trata-se, nesse caso, de uma classificação binária, rapidamente transformada em um estereótipo nas narrativas da descoberta, em que a nuance nunca é colocada. Jean-Paul Duviols sublinha, com exatidão, o Brasil como sendo o lugar, por execelência, do nascimento dessa imagem exótica de uma América fabulosa, com seus selvagens emplumados, seus monstros e seus rituais canibais (DUVIOLS, 1998). Nesse quadro fantástico, nesse mundo fabuloso, nesse esquema mental, onde está a