Educação inclusiva
COMPREENSÕES NECESSÁRIAS
Marlene ROZEK1
Resumo
Este artigo busca refletir sobre a Educação Especial no contexto da Modernidade e problematizar a Educação chamada Inclusiva. Considera que as promessas de emancipação pretendidas pela razão iluminista, desembocam na incorporação de concepções e práticas educativas fortemente influenciadas pelo modelo de racionalidade derivado das ciências empírico-matemáticas, revestindo-se de um caráter classificatório e excludente, ao não considerar as contingências do processo educativo e, em particular, dos diferentes sujeitos envolvidos neste processo.
Palavras-chave: Educação especial; Educação inclusiva; Exclusão; Inclusão;
Diferença.
O mundo moderno, ao separar a natureza da cultura, ou da sociedade, estabeleceu, acima de tudo, uma forma de raciocinar e de compreender o mundo, ou melhor, os mundos natural, de um lado, e social, do outro. Para Santos:
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Doutoranda em Educação pela UFRGS. Professora da Faculdade de Educação da PUCRS. Coordenadora do curso de Pedagogia da Instituição Educacional São Judas Tadeu, Porto Alegre/RS. E-mail: rozek@cpovo.net ; marlene.rozek@pucrs.br.
O paradigma da ciência moderna, sobretudo na sua construção positivista, procura suprimir do processo de conhecimento todo elemento não-cognitivo (emoção, paixão, desejo, ambição, etc.) por entender que se trata de um fator de perturbação da racionalidade da ciência. Tal elemento só é admitido enquanto objeto da investigação científica, pois se crê que dessa forma será possível prever e logo neutralizar os seus efeitos. A verdade, enquanto representação da realidade, impõe-se por si ao espírito racional e desinteressado. Mesmo a paixão da verdade, que, em si, representa a fusão de elementos cognitivos e não-cognitivos, é avaliada apenas pela sua dimensão cognitiva. A paixão é incompatível com o conhecimento científico, precisamente porque a sua presença na natureza