EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURAS INFANTIS: UM ESTUDO SOBRE A CONCEPÇÃO DE PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL

Nos últimos anos, inúmeras mudanças vêm ocorrendo no contexto da infância, resultado de transformações sociais. Se por um lado é preocupante a constante descaracterização das culturas infantis, fruto da influência da mídia moderna, principalmente, por outro, a infância, como categoria social, ganha força como um campo de estudo em particular. Assim, pode-se dizer que é crescente a consideração da infância no campo das pesquisas educacionais, antropológicas, sociais, dentre outras, com destaque para as pesquisas sobre o desenvolvimento e aprendizagem, bem como a caracterização social e cultural da infância (N. OLIVEIRA, 2010). Os estudos contemporâneos sobre a infância situam a criança como um ser social, alguém que é e não apenas que virá a ser. Na concepção de criança como vir a ser, a mesma é vista como um adulto em potencial e a infância apenas uma fase de passagem, desconsiderando suas potencialidades como ser que constrói, atua, opina, produz cultura, ou seja, alguém que é (N. OLIVEIRA, 2005). Nesse sentido, compreender as culturas infantis, ou seja, os modos, tempos e espaços de ser criança é imprescindível, especialmente no contexto da docência, seja ela dentro ou fora da escola.
Conforme N. Oliveira (2008), na área da Educação Física, os estudos sobre as práticas corporais na educação da criança não são recentes, especialmente em instituições educativas. Porém, mais recentemente, a escola deixou de ser o único ambiente educativo que as crianças freqüentam, abrindo espaços para os clubes, academias, escolas esportivas, dentre outros. Afinal, fora da escola também há a existência de ambientes educativos, nos quais a criança não se encontra apenas para uma formação escolarizada, mas principalmente, para aprender a conviver com o outro, com o diferente, com a sociedade, a cultura na qual está inserida, no contexto de aprendizagens e experiências corporais. Assim o professor de Educação Física, que até o início da década de 1990 tinha quase que