Educação escolar indígena
Resumo: Artigo que reflete sobre a educação escolar indígena, suas falhas e problemas sociais causados. A análise da proposta de uma escola diferenciada, e uma reflexão exploratória sobre as condições dessas escolas existentes, no Brasil atual, e a constatação de uma tensão grande entre as reivindicações dos movimentos sociais organizados defensores da causa, o acolhimento pela legislação e por alguns níveis das políticas públicas educacionais e impasses que concretamente existem para a sua implementação. Procuro analisar as relações entre os povos indígenas e a escola, em sua dupla face, ou seja, por meio da atenção á educação escolar indígena e à educação para não índios, aqui considerados como os dois lados de um mesmo processo: aquele que envolve o convívio na diferença e a sensibilidade para a alteridade. A pesquisa que dá base às reflexões apresentadas a seguir problematiza “as possibilidades de uma educação que desperte e desenvolva a sensibilidade para a diversidade sociocultural, articulando as perspectivas da antropologia e da história sobre educação.
Palavras-chave: Educação diferenciada, Educação escolar indígena.
1. Educação e povos indígenas, 500 anos depois. No início, era um Estado “brasileiro-europeu” que pensava numa escola para índios com a finalidade de “civilizar”, com a transmissão de conhecimentos e valores de sociedade ocidental. Esse pensamento atravessou séculos e trouxe grandes conseqüências e perdas irreparáveis para os ameríndios. O processo de escolarização indígena, dentro de uma política indigenista integracionista, que estabeleceu uma prática de controle político e civilizatório, aliado ao proselitismo religioso. São construções ideológicas de desvalorização da imagem do outro, feitas pelo “branco-europeu”, que foram inseridas nos currículos escolares e se perpetuam por muitos séculos contribuindo para o massacre cultural dos indígenas. A imposição do processo