EDUCACAO PARA A DEMOCRACIA
“Um esforço sempre presente à prática da autoridade coerentemente democrática é o que a torna quase escrava de um sonho fundamental: o de persuadir ou convencer a liberdade de que vá construindo consigo mesma, em si mesma, com materiais que, embora vindo de fora de si, sejam reelaborados por ela, a sua autonomia. É com ela, a autonomia, penosamente construindo- se, que a liberdade vai preenchendo o “espaço” antes “habitado” por sua dependência. Sua autonomia que se funda na responsabilidade que vai sendo assumida.” Paulo Freire1
A liberdade tem um lugar difícil de se ver quando imaginamos o mundo a partir de leis naturais e modelos de organização social com os quais nem sempre concordamos. A constatação de que os fenômenos são condicionados uns aos outros pode levar a um esvaziamento desta idéia que, em teoria, é tão valorizada. Afinal, como é possível promover a liberdade num mundo onde o espírito humano é considerado uma “crença opcional”, destinado a acomodar-se como puder entre a genética, a neurologia, a sociologia, a física quântica e as leis de mercado?
Uma maneira de se conquistar a liberdade numa realidade fundada em leis é criando suas próprias leis.2 Podemos, assim, reconhecer certa dualidade no termo “autonomia” – entre a liberdade de ser você mesmo (“auto”) e a necessidade de criar normas de comportamento (“nomia”) compatíveis com as condicionantes externas, e mesmo internas.
Em relação à educação, a autonomia pode ser considerada em pelo menos dois níveis, o humano e o institucional. Em relação ao primeiro, poderíamos perguntar: mas por que considerar o aluno como autônomo? Não é o professor que deve ter sua autonomia garantida? Paulo Freire nos esclarece:
“Como educador, devo estar constantemente advertido com relação a este respeito que implica igualmente o que devo ter por mim mesmo. Não faz mal repetir afirmação várias vezes feita neste texto – o inacabamento de que nos tornamos conscientes nos fez seres éticos. O