Edgar morin
Fonte: http://arunrajagopal.files.wordpress.com
1 FINALIDADE DESSE MATERIAL A contribuição de Mikhail Bakhtin (1992a) sobre o que vem a ser um enunciado tem sido tomada como algo importante para muitos estudos em ciências humanas, dentre elas a psicologia em seus diversos campos, que busquem compreender a linguagem como processo vivo que transcorre como mediação por excelência das relações sociais entre seres humanos reais, numa situação concreta vivida. Tal atitude tem estado presente tanto nas apreensões teóricas mais ecléticas da obra deste autor quanto naquelas para as quais um maior rigor e coerência epistemológica se coloca ainda como critério necessário. Partindo da importância desse conceito chave e como uma forma de convidar o leitor ao estudo do clássico, exporei aqui uma síntese minha sobre a leitura que fiz dele há dez anos. As considerações dos itens 2 e 3 creio serem mais úteis ao leitor por sua maior proximidade à estrutura original do texto estudado. Já o que se coloca no item 4 tem ainda pertinência como problematização inicial, à qual eu acrescentaria estudos meus posteriores sobre linguagem, relações sociais, consciência e subjetividade, mas fica, ainda assim, aqui registrado como um convite ao diálogo e reformulação.
2 DEFINIÇÃO GERAL DO CONCEITO DE ENUNCIADO Segundo Bakhtin (1992a) o enunciado é a unidade da comunicação verbal que permite tratar a linguagem como movimento de interlocução real, ultrapassando a ficção científica postulada no velho paradigma “emissor-mensagem-receptor”. Do ponto de vista da filosofia da linguagem de Bakhtin, não existe um tal receptor passivo, e toda enunciação envolve a constituição de algo que se molda, desde o
Psicólogo pela UFPR, mestre em Educação pela Unicamp, na área de concentração “Educação, conhecimento, linguagem e arte”. E-mail: delari@uol.com.br
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