ECONOMIA
Este artigo expõe e apresenta crítica às principais tentativas de assimilação teórica do conceito de demanda efetiva em Marx e em Keynes.
A aproximação entre Marx e Keynes decorre de seus objetos de estudo: o capitalismo como um sistema dinâmico, incerto, e que não converge para o pleno emprego. Desta forma, a crítica à Lei de Say, o princípio da demanda efetiva, as funções da moeda, a incerteza em Keynes e o caos em Marx, o conceito de capitalismo e de economia monetária, em Marx e em Keynes, podem parecer conceitos próximos e assimiláveis. Essa semelhança aparente decorre do simples fato de tais conceitos serem necessários para compreender o mesmo objeto de estudo, porém, na essência, são distintos porque resultam do emprego de diferentes métodos que emergem de objetivos opostos.
Marx e Keynes, por empregarem métodos distintos, divergem acerca da teoria do valor. Enquanto Marx é adepto de uma teoria objetiva do valor, em que o valor é dado pelo trabalho socialmente necessário, Keynes adota (ao menos implicitamente) uma teoria subjetiva do valor, na qual o valor é baseado na escassez e na utilidade marginal (GERMER, 2011). Obviamente, esta divergência em relação às teorias do valor nas quais os autores se baseiam, gera diferenças inconciliáveis nos outros níveis de suas teorias.
Observou-se que Keynes e Marx refutaram a Lei de Say em versões diferentes. O objeto de crítica de Marx era a Lei de Say ricardiana, enquanto Keynes tratou também da Lei em sua versão marshalliana/neoclássica (com pleno emprego). Para a versão ricardiana, Marx e Keynes, respectivamente, apoiaram-se na diferença entre economia mercantil e capitalista, e entre economia cooperativa e monetária. Para a versão neoclássica, Keynes rejeitou totalmente o segundo postulado neoclássico, o que implica a possibilidade de desemprego involuntário, determinado pela falta de demanda efetiva.
Ao rejeitarem a Lei de Say, ambos os autores abrem espaço para a discussão sobre a demanda