Sociologia Econômica - Ação Econômica e Estrutura Social: O Problema da Imersão Na obra “Ação econômica e estrutura social: o problema da imersão” o autor Mark Granovetter inicia mostrando que Uma das questões clássicas da teoria social é como os comportamentos e as instituições são afetados pelas relações sociais. Como essas relações estão invariavelmente presentes, a situação criada por sua ausência poderia ser imaginada somente por meio de esquemas mentais, como o “estado da natureza” de Thomas Hobbes ou a “posição original” de John Rawls. Grande parte da tradição utilitarista, inclusive a economia clássica e a neoclássica, pressupõe um comportamento racional e de interesse pessoal minimamente afetado pelas relações sociais, invocando, assim, um estado idealizado não muito distante desses esquemas mentais. No outro extremo reside o que chamo de proposta da “imersão” (embeddedness): o argumento de que os comportamentos e as instituições a serem analisados são tão compelidos pelas contínuas relações sociais que interpretá- los como sendo elementos independentes representa um grave mal-entendido. Por muito tempo a visão dominante dos sociólogos, antropólogos, cientistas políticos e historiadores tem sido a de que esse comportamento se encontrava profundamente imerso nas relações sociais em sociedades pré-mercantis mas se tornou muito mais autônomo com o advento da modernização. Essa visão interpreta a economia como uma esfera diferenciada e cada vez mais separada na sociedade moderna, com transações econômicas não mais definidas por obrigações sociais ou de parentesco, mas por cálculos racionais de ganho individual. Por vezes chega a se argumentar que a situação tradicional foi invertida: em vez de a vida econômica estar submersa nas relações sociais, essas relações se tornaram um epifenômeno do mercado. A perspectiva da imersão está associada à escola “substantivista” na Antropologia, representada especialmente por Karl Polanyi (1944; Polanyi,