economia
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
Uma Introdução à Teoria Novo-Keynesiana1
Ricardo Dathein*
Nos anos 1980, vários autores neoclássicos2 questionaram fortemente a teoria Novo-Clássica (“herética”, segundo Ball e Mankiw, 1994) e elaboraram um retorno ao keynesianismo neoclássico, “... recolocando o trem nos trilhos” (Blinder, 1989: 111) com a teoria Novo-Keynesiana. Essa seria uma concepção “tradicionalista”, visto que baseada em uma longa tradição com origem em David Hume e passando por Keynes, Friedman, Modigliani e Tobin, explicando porque no curto prazo a curva de oferta agregada é ascendente e não vertical, ou seja, porque variações na demanda agregada afetam também a produção e o emprego e não somente os preços, tendo, portanto, efeitos reais e não somente nominais. Para a concepção Novo-Keynesiana não existe teoricamente (ou melhor, não pode ser tomado como se existisse) o leiloeiro walrasiano, que garantiria níveis de emprego de equilíbrio com market clearing, da mesma forma que não existe um agente econômico representativo homogêneo, o que abre a possibilidade da ocorrência de problemas de coordenação nas ações econômicas dos agentes, em sua heterogeneidade, em contextos de mercados imperfeitos e informações incompletas (Greenwald e Stiglitz, 1993: 42).
No entanto, voltar aos modelos neoclássicos anteriores à teoria Novo-Clássica não seria adequado. Segundo Mankiw (1990: 1647), o consenso macroeconômico neoclássico existente até o início dos anos 70 foi rompido por motivos empíricos e teóricos. A inflação e o desemprego dos anos 70 não teriam sido satisfatoriamente explicados e faltava uma fundamentação teórica microeconômica adequada para a macroeconomia, o que teria permitido o ataque Novo-Clássico. Essa é, então, a proposta Novo-Keynesiana: construir a base teórica, ou seja, os fundamentos microeconômicos, da rigidez de preços e salários que geram flutuações