Economia
SOCIOLOGIAS
DOSSIÊ
Sociologias, Porto Alegre, ano 13, no 27, mai./ago. 2011, p. 220-254
Estados de Bem-Estar Social e estratégias de desenvolvimento na América Latina.
Um novo desenvolvimentismo em gestação?
Sônia M. Draibe*
Manuel Riesco**
Resumo
Os objetivos deste ensaio são principalmente metodológicos. Ele aponta princípios, parâmetros e um arcabouço analítico que consideramos interessante para os estudos de políticas sociais e de desenvolvimento na América Latina – particularmente, sobre as distintas estratégias de desenvolvimento e a evolução do
Estado de Bem Estar Social na região.
A América Latina está emergindo de um século de transformação – de uma economia tradicional agrária para uma urbano-industrial – em que os países assumiram diferentes trajetórias históricas. A transição conduzida pelo Estado seguiu duas estratégias sucessivas de desenvolvimento. Dos anos 1920 até a década de
1980, o desenvolvimentismo estatal assumiu, em geral com sucesso, o duplo desafio do progresso social e econômico. Nas duas últimas décadas do século, os estados latino-americanos adotaram as políticas do Consenso de Washington, que enfatizavam a importância das empresas no marco da globalização e beneficiavam aquelas poucas exitosas. Quais eram as características e funções do Estado de
Bem Estar Social nas duas estratégias de desenvolvimento?
* Professora Adjunta do Instituto de Economia da UNICAMP
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** Vice-Diretor de CENDA, Chile.
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Sociologias, Porto Alegre, ano 13, no 27, mai./ago. 2011, p. 220-254
O artigo sugere que, para reduzir as condições sociais e econômicas extremamente heterogêneas na região, é indispensável fixar os distintos pontos de partida e as diferentes trajetórias de desenvolvimento perseguidas por grupos de países em busca da modernidade. Sugere, também, que as duas estratégias de desenvolvimento, longe de anularem-se, constituem uma base para a emergência da próxima. Assim, o esgotamento