Economia

Texto 1: Capitalismo tardio - João Manuel Cardoso de Melo
O Estudio Económico da América Latina marca o surgimento da Economia Política da Cepal, que tem todo arcabouço analítico assentado na idéia de desenvolvimento desigual da economia mundial. Esse progresso técnico desigual determina a estrutura da economia mundial, que seria marcada pela divisão internacional do trabalho: de um lado o centro industrializado e de outro, a periferia exportadora de produtos primários.
As economias periféricas enquanto exportadoras de produtos primários não teriam comando sobre o próprio desenvolvimento, o qual dependia da demanda externa, caracterizando o que é chamado de etapa do desenvolvimento para fora. Assim, havia uma tendência em aprofundar o desenvolvimento desigual, por meio da deterioração das relações de troca em que os frutos do progresso ficam concentrados nas economias centrais.
Contudo, as transformações estruturais ocorridas no centro a partir de 1914 mostram a impossibilidade de se apoiar o desenvolvimento latino-americano nas exportações de produtos primários e o movimento real da economia estimula a ruptura da divisão internacional do trabalho. Com isso, se inaugura a etapa do desenvolvimento para dentro. A industrialização latino-americana nasce em resposta as dificuldades de importação, mas é problemática devido ao seu caráter periférico.
Portanto, a economia política da Cepal surgiu para explicar a natureza do processo de industrialização que eclodira entre 1924 e 1945 na América Latina, apresentando os problemas que enfrentaria, mas também para mostrar que a industrialização era o único caminho para que esses países se tornassem donos do próprio destino. Assim, todo espaço do discurso cepalino está organizado em torno da idéia de independência econômica da nação. A problemática cepalina é a problemática da industrialização nacional, a partir de uma situação periférica. A industrialização aparece como momento crucial de constituição da nação. Com ela se