Economia
OTAVIO RIBEIRO DE MEDEIROS UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FERNANDA FERNANDES RODRIGUES UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Resumo O estudo relata o resultado de testes empíricos sobre a validade do modelo Fleuriet, também conhecido como Análise Avançada ou Dinâmica do Capital de Giro. Segundo alguns autores, o modelo, introduzido no Brasil nos anos 80, trouxe importantes inovações para a análise do capital de giro. Uma das hipóteses fundamentais do modelo é que Ativos e Passivos Circulantes Financeiros são variáveis erráticas, não relacionadas às operações das empresas, ao contrário dos Ativos e Passivos Circulantes Cíclicos ou Operacionais, que relacionam-se às atividades operacionais das empresas. Utilizando-se dados contábeis de uma amostra de 80 empresas listadas na Bovespa entre 1995 e 2002, foram realizados testes de correlação, regressões em cross-section e regressões em panel data para testar tais hipóteses. O estudo mostra que a hipótese de que os Circulantes Financeiros (Ativo e Passivo) são erráticos deve ser rejeitada, pois os testes realizados mostram que aquelas variáveis apresentam significativa relação com as operações das empresas. Além disso, a aplicação à amostra do princípio de que as empresas com Saldo de Tesouraria negativo estariam em desequilíbrio financeiro mostra que 75% das empresas estariam nessa situação, o que é implausível. A conclusão é que o modelo Fleuriet apresenta inconsistências empíricas e sua validade deve ser questionada. 1. Introdução A análise do capital de giro das empresas é um tema padrão na contabilidade gerencial e na administração financeira das empresas. O tema é tratado virtualmente em qualquer livro-texto sobre contabilidade gerencial, análise da liquidez, análise econômicofinanceira, administração financeira ou finanças corporativas (MARTINS e ASSAF NETO 1985; ROSS et al 1995; VAN HORNE 1998; BRIGHAM e HOUSTON 1999; SILVA 2001; GITMAN 2002; ASSAF NETO e SILVA 2002). Embora a análise