Economia Pol tica andreia
No estudo introdutório de qualquer corpo teórico voltado para a explicação e a compreensão da vida social - como é a Economia Política -, uma breve referência à sua história e a controvérsias que atravessam a sua evolução é indispensável.
Nas teorias que se voltam para a vida social, muito mais que naquelas que têm por objeto a análise das realidades da natureza, as controvérsias extrapolam as diferenças relativas a métodos, hipóteses e procedimentos de pesquisa; além de divergências nesses domínios, nas teorias e ciências sociais as polêmicas e mesmo as oposições frontais devem-se ao fato de elas lidarem com interesses muito determinados de classes e grupos sociais. Nessas teorias e ciências, nunca existem formulações neutras, assépticas ou desinteressadas - é o que reconhecem os pensadores mais qualificados: em meados do século passado, o economista sueco Gunnar Myrdal (1898-1987),Prêmio Nobel de Economia/1974, observava que "uma 'ciência social desinteressada' constitui [...] um puro contra-senso. Tal ciência jamais existiu e jamais existirá" (Myrdal, 1965:104);e, cem anos antes, Marx já aludira com ironia ao peso dos interesses que constrangem a teoria de que nos ocupamos:
A natureza peculiar do material [que a Economia Política] aborda chama ao campo de batalha as paixões mais violentas, mesquinhas e odiosas do coração humano as fúrias do interesse privado. A Igreja Anglicana da Inglaterra por exemplo poderia antes o ataque a 38 de seu 39 artigo de fé do que a1/ 9 duas rendas monetárias. (Marx, 1983, r, 1: 13)
A Economia Política aborda questões ligadas diretamente a interesses materiais (econômicos e sociais) e, em face deles, não há nem pode haver "neutralidade": suas teses e conclusões estão sempre conectadas a interesses de grupos e classes sociais. É por isso que, nesta Introdução, situando historicamente e de modo rápido a Economia Política, vamos também explicitar a perspectiva teórico-política que