Economia de mercado
Ivan Tiago Machado Oliveira*
O entendimento acerca do funcionamento de uma economia de mercado não pode se dar de forma simplista e apressada, desconsiderando-se elementos fundamentais que se encontram imbricados num todo complexo que conforma uma filosofia moral própria. Com o intuito de evitarmos as armadilhas pouco realistas e de base estreita, vamos apresentar notas do que se compreende como uma economia de mercado. Para tal, faremos uma volta aos clássicos, mais especificamente à obra seminal de Adam Smith, destacando aspectos indispensáveis ao entendimento aprofundado da ‘alma’ da economia mercantil presentes em seus escritos. Ademais de considerações outras acerca do quadro teórico-evolutivo da Economia acerca da realidade econômica capitalista, com a ‘revolução utilitarista-marginalista’, por exemplo, realizaremos uma análise caracterizando a moderna economia de mercado ao dar relevo aos pressupostos e fatores constitutivos da mesma.
Ao se pensar em economia, imediatamente um nome nos vem à cabeça: Adam Smith. Considerado o pai da ‘lúgubre ciência’, Smith sistematizou, em pleno século XVIII, o estudo do moderno sistema econômico capitalista, que se caracteriza por ser constituído por economias de mercado, onde as decisões de produção são descentralizadas e a livre iniciativa é peça-chave da engrenagem.
Para entendermos melhor a análise realizada por Smith acerca da economia de mercado e seu funcionamento, precisamos analisar primeiro as bases filosóficas e éticas dos atores que compõem a cena do system of natural liberty, como Smith chamava o sistema econômico de mercado que analisava em sua época. Ou seja, quais são as bases da filosofia moral de Smith que fundam a construção do ser humano que estaria presente em sua obra? É no livro Teoria dos Sentimentos Morais (1759), que Smith lança as bases filosóficas, psicológicas, éticas e metodológicas de