Economia: Capital financeiro e poder econômico
Teoria e Debate nº 41 - maio/junho/julho de 1999 publicado em 17/04/2006
Nesta virada de século o debate fundamental não reside no "capital financeiro versus capital industrial". O importante é centrar a análise nos grandes grupos privados, que têm extraordinárias vantagens em termos de capacidade produtiva e de alavancagem financeira por Reinaldo Gonçalves*
A estratégia política da esquerda brasileira defronta-se com três questões importantes relativas à configuração das estruturas empresariais e organizacionais do capitalismo no
Brasil. Primeira: o capital financeiro merece um "enquadramento" específico, tendo em vista o seu poder econômico e político?; segunda: o capital industrial merece um tratamento preferencial, tendo em vista as sinergias existentes dentro dos grandes grupos econômicos?; e terceira: há uma alternativa, pela esquerda, que envolva uma reconfiguração dos grandes grupos privados nacionais, que minimize seu poder político, ao mesmo tempo que promove o progresso econômico?
Para as duas primeiras perguntas temos como resposta um "não rotundo", enquanto que para a última temos um "sim qualificado".
Capital financeiro, poder e grupos econômicos
O conceito de capital financeiro tem forte tradição no pensamento marxista a partir do trabalho pioneiro do austríaco Rudolf Hilferding publicado em 1910. O economista heterodoxo inglês John A. Hobson também deu uma contribuição pioneira em um livro cuja edição de 1906 é a de maior referência. Na concepção de Hilferding o capital financeiro surge quando há uma integração entre o capital bancário e o industrial com a dominância dos banqueiros sobre os industriais. Na visão de Hobson "a estrutura do capitalismo moderno tende a lançar um poder cada vez maior nas mãos dos homens que manejam o mecanismo monetário das comunidades industriais - a classe dos financistas." Há uma forte evidência histórica a respeito da estreita integração