ECA trab
Em um cenário, Ingrid, com uma mochila maior que ela, calção azul e camiseta branca, entra num mundo escolar idealizado, assim entra com tanta energia que é quase impossível contê-la em seu pequenino corpo. Com as demais crianças, ela, a princípio desconfiada, aproxima-se, sorri, tenta interagir, pula, grita e não para, em uma linguagem corporal que as crianças dominam completamente.
Assim se passam alguns dias e aquilo que parecia até então euforia de criança, transforma-se em um comportamento contínuo.
Sua professora ao chamar sua atenção, o que parece potencializar sua agressividade insistente.
Seu olhar não tem brilho, a “escola é chata”, um olhar de tristeza e defesa estampa-se em seu rosto.
Foi assim que conheci a pequena Ingrid, capaz de mobilizar toda a escola.
Assim logo nos primeiros atendimentos psicológicos, uma pergunta me martelava a cabeça: como o espaço escolar, incubadora dos sonhos, cedia espaço a um território para exposição de sua dor e revolta?
Aos poucos, pude perceber a história de vida de Ingrid, conversei com sua Tia, percebi como se fosse um pano de fundo uma pobreza imaterial, enraizada em sua alma.
Em seus horários livres, em que não estava na Escola Infantil (a creche que frequentava), Ingrid preferia brincar livremente na rua, sem regras, horários, numa realidade inquietante, marcada por vivências nada infantis.
Durante os entendimentos, ela me impressionava cada dia relatando fatos imaginários assustadores, nos quais revelava como ligar dois mundos desconectados: o que ela vivia até ali e o que a escola oferecia. A cada novo contato, eu era quem mais aprendia.
Para isso, trabalhar em rede nesta Creche foi fundamental.
Pude Juntamente com a escola (a professora, a equipe pedagógica, a