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954 palavras
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Descerrando o manto de anjo que encobre a verdadeira face de Tartufo, multiplico aos milhares, como a Imagem difundida em um caleidoscópio multicor, Oscar Wilde retrata magistralmente a corrupção de uma personalidade, de uma sociedade, do ser humano, fusão de elementos tão complexos como os formadores / forjadores do Universo, dispostos de maneira desigual sobre um tabuleiro de xadrez, onde os Deuses abrem os portões, sejam de pedra, ouro, marfim, e somos convidados a entrar, por caminhos sinuosos, retos, tortuosos, para que desfrutemos o poder desta escolha: a arena na qual deve desenrolar-se a batalha encontra-se em nossos corações e mentes – não há como escapar: uma cilada dos deuses ou uma armadilha de nossa própria natureza?Abrindo o primeiro portão que conduz à aventura do discernimento do ser humano, como a estrela que caiu do céu, recebendo a chave do poço abismal, é perscrutado o íntimo concebido como um dualismo da maldade intrínseca do corpo, em contraste com a bondade do espírito. A ironia e o sarcasmo amargos de uma mente brilhante sendo refletidos em uma sala de espelhos convexos, côncavos, disformes, díspares, em meio às torres espiraladas de fumaça de suas dessacralizações lançadas às faces de todos e do Todo. A descoberta de que a vida humana, tão soberbamente erguida sobre pilares de (falso) alabastro, tem suas bases desestruturadas, pendentes e em ruínas.Dorian Gray era um jovem de 20 anos pertencente à alta burguesia inglesa, de uma beleza física inimaginável, e foi retratado pelo pintor Basil Hallward, que se apaixonou pelo rapaz. Lorde Wotton era um homem extremamente inteligente, perspicaz, irônico e com grande vivência nos relacionamentos humanos, capaz de exercer forte influência sobre as demais pessoas. Este era amigo de Basil e tornou-se muito próximo de Dorian, passando a instigá-lo e a "estudá-lo" em suas reações e atitudes. Quando Dorian Gray deparou-se com a obra pronta (seu retrato) disse: "– Que tristeza! – murmurou Dorian. –