déficti de atenção
Luis A. Rohde1, Ricardo Halpern2
0021-7557/04/80-02-Supl/S61
Jornal de Pediatria
Copyright © 2004 by Sociedade Brasileira de Pediatria
Histórico e epidemiologia
As primeiras referências a hiperatividade e desatenção na literatura não-médica datam da metade do século XIX1.
É importante salientar que a primeira descrição do transtorno em um jornal médico (Lancet) foi feita por um pediatra,
George Still, em 19022. Entretanto, a nomenclatura desse transtorno vem sofrendo alterações contínuas. Na década de 40, surgiu a designação lesão cerebral mínima, que, já em 1962, foi modificada para disfunção cerebral mínima, reconhecendo-se que as alterações características da síndrome relacionam-se mais a disfunções em vias nervosas do que propriamente a lesões nas mesmas3. Os sistemas classificatórios modernos utilizados em psiquiatria, CID-
104 e DSM-IV5, apresentam mais similaridades do que diferenças nas diretrizes diagnósticas para o transtorno, embora utilizem nomenclaturas diferentes (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade no DSM-IV e transtornos hipercinéticos na CID-10).
A prevalência do transtorno tem sido pesquisada em inúmeros países em todos os continentes. Diferenças encontradas nas taxas de prevalência refletem muito mais diferenças metodológicas (tipo de amostra, delineamento,
ARTIGO DE REVISÃO
S62 Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2(supl), 2004 fonte de informação, idade, critérios diagnósticos utilizados, ou a forma como eles são aplicados) do que reais diferenças transculturais no constructo diagnóstico do transtorno6,7.
Assim, estudos nacionais e internacionais que utilizam os critérios plenos do DSM-IV tendem a encontrar prevalências ao redor de 3-6% em crianças em idade escolar6,8. Uma revisão aprofundada sobre esse tópico pode ser encontrada em Faraone et al.8.
A proporção entre meninos